Amostras
No tempo em que os homens ainda moravam em cavernas, havia um sujeito chamado Lolo Barnabé, casado com a doce Brisa e pai do pequeno Finfo. Eles eram felizes, mas nem tanto – moravam numa gruta fria e úmida, sempre à mercê de animais ferozes. Não por muito tempo – Lolo, muito habilidoso, construiu uma casa com porta e fechadura. Depois que mudaram para lá, Brisa começou, sem saber por que, a se incomodar com as peles de animais que usavam para se proteger do frio, então inventou as roupas. Depois disso, Lolo criou o guarda-roupa. E assim os dois foram inventando muitas coisas – a cama, a mesa, as cadeiras, o fogão, a água encanada, o banheiro, os eletrodomésticos, o computador, a eletricidade, o vídeo game, o carro, a televisão. De tanto trabalhar, mal ficavam juntos, mal cuidavam do filho – depois de chegar em casa ficavam parados, quietos, hipnotizados diante da televisão. Foi preciso que um dia faltasse luz para que Lolo, Brisa e Finfo se lembrassem de ficar juntos, sentados em torno da fogueira. Essa narrativa reconstrói a trajetória do homem por meio da história de uma família.