Vale mais que um trocado
Atividade Vale mais que um trocado – é uma interpretação de um artigo da revista Nova Escola. Conta a experiência de um professor que em vez de dar esmolas para os ambulantes que ficam nos semáforos, ele deu livros e ficou surpreso com a reação das pessoas.
O texto Vale mais que um trocado, vale muito a pena ler e fazer uma boa reflexão com a turma. É um texto mais que interessante, ele está super atual, pois retrata a realidade das grades cidades.
Você também pode estar interessado em ver:
Sosprofessoratividades – Interpretação
Sosprofessoratividades – Recomendações Literárias
Sosprofessoratividades – Natal
Julieta em: O que é o Natal? – SOS Professor Atividades
Veja umas postagens muito interessantes em Sosprofessoratividades – Ano novo você vai amar.
Nos acompanhe também no nosso Pinterest vendo nossas atividades, e no blog em alguma atividade de seu interesse pesquise no “O que você procura?”
Amostras
de Vale mais que um trocado
Aviso de propriedade
Este material é totalmente gratuito e elaborado por @sosprofessoratividades.com.
Todas as atividades do blog/site são protegidas pela lei dos direitos autorais, nº 9.610/98 – proibido a venda, cópias para outros sites, blogs ou redes sociais.
Quer compartilhar? Compartilhe o link.
Obrigada♥
Vale mais que um trocado – SOS Professor Atividades
Clique no quadro para baixar a atividade em PDF
de Vale mais que um trocado
ATENÇÃO!
Caso esteja baixando via celular, talvez seja necessário fazer
login em sua conta do Google.
Baixando através de um computador não é necessário fazer login.
Habilidades da BNCC:
(EF15LP03) Localizar informações explícitas em textos.
(EF35LP03) Identificar a ideia central do texto, demonstrando compreensão global.
(EF35LP04) Inferir informações implícitas nos textos lidos.
(EF35LP05) Inferir o sentido de palavras ou expressões desconhecidas em textos, com base no contexto da frase ou do texto.
Texto para copiar e colar no editor de texto
Vale mais que um trocado
Ambulantes, pedintes e moradores de rua não esperam só por dinheiro dos motoristas parados no sinal vermelho. Sem pagar pra ver, eu vi.
Rodrigo Ratier Revista Nova Escola
“Dinheiro eu não tenho, mas estou aqui com uma caixa cheia de livros. Quer um?” Repeti essa oferta a pedintes, artistas circenses e vendedores ambulantes, pessoas de todas as idades que fazem dos congestionamentos da cidade de São Paulo o cenário de seu ganha-pão. A ideia surgiu de uma combinação com os colegas de NOVA ESCOLA: em vez de dinheiro, eu ofereceria um livro a quem me abordasse – e conferiria as reações.
Para começar, acomodei 45 obras variadas (…) em uma caixa de papelão no banco do carona de meu Palio preto. Tudo pronto, hora de rodar. Em 13 oferecimentos, nenhuma recusa. E houve gente que pediu mais.
Nas ruas, tem de tudo. Diferentemente do que se pode pensar, a maioria dessas pessoas tem, sim, alguma formação escolar. Uma pesquisa do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, realizada só com moradores de rua e divulgada em 2008, revelou que apenas 15% nunca
estudaram. (…) No primeiro dia, num cruzamento do Itaim, um bairro nobre, encontrei Vitor*, 20, vendedor de balas. Assim que comecei a falar, ele projetou a cabeça para dentro do veículo e examinou o acervo:
– Tem aí algum do Sidney Sheldon? Era o que eu mais curtia quando estava na cadeia. Foi lá que aprendi a ler. Na ausência do célebre novelista americano, o critério de seleção se tornou mais simples. Vitor pegou o exemplar mais grosso da caixa e aproveitou para escolher outro – “Esse do castelo, que deve ser de mistério” – para presentear a mulher que o esperava na calçada.
Aos poucos, fui percebendo que o público mais crítico era formado por jovens, como Micaela*, 15. Ela é um dos 2 mil ambulantes que batem ponto nos semáforos da cidade, de acordo com números da prefeitura de São Paulo. Num domingo, enfrentava com paçocas a 1 real uma concorrência que
lotava todos os cruzamentos da avenida Tiradentes, no centro. Fiz a pergunta de sempre. E ela respondeu:
– Hum, depende do livro. Tem algum de literatura? – provocou, antes de se decidir por Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.
As crianças faziam festa (um dado vergonhoso: segundo a Prefeitura, ainda existem 1,8 mil delas nas ruas de São Paulo). Por estarem sempre acompanhadas, minha coleção diminuía a cada um desses encontros do acaso. Érico*, 9, chegou com ar desconfiado pelo lado do passageiro:
– Sabe ler? – perguntei.
– Não…, disse ele, enquanto olhava a caixa. Mas, já prevendo o que poderia ganhar, reformulou a resposta:
– Sim. Sei, sim.
– Em que ano você está?
– Na 4ª B. Tio, você pode dar um para mim e outros para meus amigos? Indagou, apontando para um menino e uma menina, que já se aproximavam.
(…)
Se no momento das entregas que eu realizava se misturavam humor, drama, aventura e certo suspense, observar a reação das pessoas depois de presenteadas era como reler um livro que fica mais saboroso a cada leitura. Esquina após esquina, o enredo se repetia: enquanto eu esperava o
sinal abrir, adultos e crianças, sentados no meio-fio, folheavam páginas. Pareciam se esquecer dos produtos, dos malabares, do dinheiro…
– Ganhar um livro é sempre bem-vindo. A literatura é maravilhosa, explicou, com sensibilidade, um vendedor de raquetes que dão choques em insetos.
Quase chegando ao fim da jornada literária, conheci Maria*. Carregava a pequena Vitória*, 1 ano recém completado, e cobiçava alguns trocados num canteiro da Zona Norte da cidade. Ganhou um livro infantil e agradeceu. Avancei dois quarteirões e fiz o retorno. Então, a vi novamente. Ela lia para a menininha no colo. Espremi os olhos para tentar ver seu semblante pelo retrovisor. Acho que sorria.
(Vale mais que um trocado – Rodrigo Ratier – Revista Nova Escola)
Post: Vale mais que um trocado