Curupira, o danadinho
Você conhece o Curupira, o danadinho?
A proposta de hoje Curupira, o danadinho – conta sobre as características deste ser místico pertencente ao folclore brasileiro.
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Da atividade Curupira, o danadinho
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(EF35LP04) Inferir informações implícitas nos textos lidos.
(EF35LP05) Inferir o sentido de palavras ou expressões desconhecidas em textos, com base no contexto da frase ou do texto.
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Curupira, o danadinho
Neste mês de julho vou- vos contar história esquisita de um ser mais esquisito ainda. Os índios chamam-no de Curupira. Começo por descrevê-lo: é feio que nem o Tinhoso e peludo que nem um urso, mas pequeno. Já se viram dentes verdes? Pois o Curupira tem. Sem falar nas orelhas agudas. Ele não é caranguejo, porém seus pés são virados para trás, como se ele fosse andar de marcha a ré. Ninguém nunca sabe onde ele está. Fugindo sempre? Talvez. E de repente surge em assustadora aparição.
Quando vai embora não deixa rastro na terra. Só se ouve um sussurro na mata — podem estar certos: é ele. E além do sussurro ouvem-se as marteladas no tronco das árvores. E que, sem ninguém lhe mandar, ele as vigia para saber se aguentam tempestades e borrascas. Que ser misterioso. Pois que também é sábio: conhece, ao olhar apenas, as plantas que curam doença de bicho. Porque ele protege os animais contra malefícios e caçadores. E faz tudo isso sem deixar marcas. Só fica no ar um perfume de mata virgem que é o seu. Mas o danadinho raramente auxilia pessoas, esse pequeno moleque.
As vezes simpatiza com um ou outro caçador e logo o convida para morar na floresta. Como o Saci-Pererê, também pede fumo e em troca do que lhe é dado ensina os segredos da selva.
Também sabe se vingar dos índios que, com flechas, ferem um bicho indefeso. Então o Curupira o atrai para caminhos sem fim e eis o caçador enganado, tonto e perdido. É verdade que pede antes a um caçador que não mate animais dos que vivem em grupo, porque o grupo ficará com saudade deles. Mas, ai de nós se o índio não cede! Não tem o perdão do Curupira. Espalha fogo e quase deixa o índio bem assado. Os caçadores temem esta espécie de gnomomonstro e suas vinganças.
Tudo o que ele pede, se não dão atrai sorte ruim. Me dá fumo! _ diz o Curupira para o índio jangadeiro. E se este nega, a jangada é virada para o fundo das águas. Tem qualquer parentesco com o Saci-Pererê. Mas enquanto este gosta de se divertir com os outros, com o Curupira não se brinca. Por exemplo: coitado de quem penetra na sua mata que serve de casa. A vingança não tarda.
Não se sabe é explicar por que ele é tão bom com os bichos E, se não está em guerra, vive muito bem nas profundezas distantes da floresta.
Clarice Lispector.
Como nasceram as estrelas: doze lendas brasileiras. Rio de Janeiro, Rocco, 1999.